Fique Ligado!

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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sobre a condição docente

Condição Docente, trabalho e formação – (Miguel González Arroyo).
Ligeany Ferreira de Alencar Moraes[i]

            O texto de Miguel Arroyo traz várias indagações sobre a condição docente, trabalho e formação. O tema sugere a necessidade de pensar como a condição e o trabalho docente é vivenciado e quais as perspectivas de vivenciá-los são possíveis na dinâmica social, cultural e política.
             O tema ainda sugere a importância de repensar as condições de formação, abordando que tanto o ser docente quanto o seu trabalho se explicariam pela formação recebida. No entanto, é dado mais ênfase nas políticas de formação do que em políticas de trabalho docente.
            Arroyo diz que é possível priorizar a condição docente, ou a produção da condição e do trabalho docente e por aí aproximar-nos da formação. O tema sugere a necessidade de dar mais atenção na maneira como os professores experimentam suas condições e seus trabalhos, o que falam de si mesmos e como constroem suas identidades coladas ao trabalho.
            Mediante essas e outras sugestões, tentaremos refletir sobre algumas indagações colocadas no texto pelo autor.
            Ele questiona se os saberes aprendidos no curso de formação habilitam para humanizar e formar seres humanos em trajetórias tão desumanas? Devido as transformações sofridas por nosso mundo, mediante ao processo cientifico-tecnológico, principalmente no que diz respeito a informática que tem ocupado grande espaço na vida das pessoas, o que se nota é que os laços afetivos entre as pessoas, familiares, tem se tornado superficiais.
            Dessa forma, as relações interpessoais aos poucos vão se tornando descartadas e o que vai tomando conta é a competitividade. Infelizmente a escola continua reproduzir conteúdos muitas vezes arcaicos que não contribuem para formação do ser humano como cidadão.
Temos percebido muitos professores preocupados em terminar os conteúdos programados do que trabalhar a vida, principalmente o que diz respeito a vida humana na sua complexidade, formação e relacionamento humano que certamente poderão fazer a diferença no processo da educação.
Tem-se dado mais importância ao individualismo, ao conformismo social, e desta forma, tem-se esquecido de formar o homem cidadão, humano.
O que se nota é que os saberes aprendidos nos cursos de formação habilitam para humanizar e formar seres humanos, no entanto, não temos visto isso acontecer na prática. É negado ao aluno o respeito, o diálogo, o amor, a compreensão, ferramentas necessárias no processo de formação do aluno.
Outro questionamento levantado por Miguel Arroyo tem haver com as universidades, os cursos de Pedagogia e de formação de docentes se tornarão mais diversos, mais plurais, mais públicos se reconhecerem o direito à diversidade. Ele questiona: Como o reconhecimento da diversidade afetará a condição, o trabalho e a formação docente?
A diversidade tem sido um desafio para a família, para a escola bem como para a sociedade. Ela está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes olhares, diversas abordagens, uma mistura de ideias.
Penso que para haver um reconhecimento da diversidade que afete a condição, o trabalho e a formação docente, é preciso que haja tolerância mútua entre as diferenças. É preciso que haja sabedoria para se conviver com as mais diversas diferenças, ou seja, é fundamental o respeito para com o outro.
Reconhecer que somos diferentes é o primeiro passo para que não sejam mensuradas ou hierarquizadas as realidades vividas por cada indivíduo que convive dentro das universidades, principalmente no que diz respeito ao curso de Pedagogia, tão menosprezado e pouco reconhecido.
Reconhecer essas diferenças será de suma importância para melhora para melhorar a condição, o trabalho e a formação docente. As universidades são espaços onde se encontram a maior diversidade cultural e também é o local mais discriminador. Por esta razão, torna-se um desafio a partir do momento em que a diversidade é reconhecida.
Através desse reconhecimento, acredito que tanto o trabalho, quanto a condição e o futuro docente poderão realizar grandes feitos, como por exemplo, compreender como a diversidade se manifesta e em que contexto. Pensará a educação escolar que integre as questões étnico-raciais buscando o respeito das desigualdades sociais, das diferenças raciais e tantos outros aspectos, e também no direito de ser diferente, buscando desta forma, uma educação mais democrática.
Enfim, partindo dessas duas questões, percebemos o quanto é importante pensar numa educação que viabilize a humanidade e desta forma, esteja apta para criar indivíduos sensíveis de serem “pessoas”, de se tornarem “gente”. De serem capacitados humanamente falando, não somente de “ser”, mas, e, principalmente, de perceber o outro como gente. Eticamente falando, ter responsabilidade com o outro, sabendo que é possível construir algo com esse outro. Essa ação, portanto, será redimensionada pela alteridade (ser do outro), numa relação dupla de ação (agir sobre o outro) e de paixão (sofrer a ação do outro).




[i] Formada em Bacharel em Teologia pelo Centro de Formação Teológico Batista Nacional – 2008 / Graduanda em Pedagogia – V Semestre – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia / 2011.


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