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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pecado: Manifestação do homem em busca de seus próprios interesses.

Pecado: Manifestação do homem em busca de seus próprios interesses.
Ligeany Ferreira de Alencar Moraes*

Desde Adão e Eva, o pecado tem corrompido o mundo e manchado nossas vidas. Deus ofereceu aos homens inúmeras oportunidades para serem limpos do pecado, mas as pessoas egoístas, concupiscentes, continuam pecando. O problema é tão difundido que Paulo afirmou: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23).  Em 1 João 3.4 “Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia”. Pecado é transgredir a lei de Deus. Deus escreveu a Sua lei com o Seu próprio dedo em tábuas de pedra. A Bíblia diz em Êxodo 20.3,17: “Não terás outros deuses diante de mim; Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam; E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos; Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão; Lembra-te do dia do sábado, para o santificar; Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra; Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas; Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou; Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá; Não matarás; Não adulterarás;Não furtarás; Não dirás falso testemunho contra o teu próximo; Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”. Os princípios básicos da lei de Deus resumem-se numa só palavra: Amor. A Bíblia diz em Mateus 22.37,40 “Respondeu-lhe Jesus:” Amarás ao Senhor teu Deus de o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. O pecado sai de dentro de nós. A Bíblia diz em Marcos 7.20,23 “E prosseguiu: O que sai da boca do homem, isso é o que contamina. Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez; todas estas más coisas procedem de dentro e contamina o homem”.  Como o próprio Frei Antônio Moser relata em seu livro “O pecado: Do descrédito ao aprofundamento”, o pecado desumaniza. E só Cristo pode trazer a verdadeira humanidade de volta. Oscila, portanto, desespero e esperança, mas esta última se reveste com a mesma magnitude dos desafios. Desespero e esperança são componentes inseparáveis do caminhar da humanidade de todos os tempos. É preciso encontrar outros caminhos, teóricos e práticos, para que possa surgir uma nova humanidade. E essa busca requer uma construção de uma teologia que se revele à altura dos desafios, requer que se tenha coragem de enfrentar os ângulos mais espinhosos. Tanto o mal, quanto o pecado original, se constituem em desafios permanentes, e podem ser forças propulsoras que convidam o ser humano a mergulhar mais fundo nos insondáveis mistérios do Deus Criador e Salvador. Nesses desafios enfrentados, Deus não nos deixa sozinhos. Com a luz de Jesus Cristo podemos ver melhor, e com sua força podemos participar da vitória sobre o mistério da iniqüidade. Iniqüidade esta, que causa medo, vergonha, fuga da responsabilidade, endurecimento gradual da vontade contra o bem e as boas influências, causa separação de Deus. O pecado é a manifestação do homem contra Deus em buscar seus próprios interesses do seu modo e não segundo a vontade de Deus. Certamente isso seja a maior manifestação da origem do pecado. “O orgulho de não se submeter a Deus aos seus princípios está por trás de todos os outros pecados” (C. S. Lewis). O pecado consiste em negar-se a abraçar a grande causa de Deus que no Antigo Testamento recebeu o nome de Aliança e anunciada como Reino de Deus no Novo Testamento. Deus atuando na história da humanidade. Em Cristo, toda a humanidade pode continuar cultivando a esperança de um novo céu e de uma nova terra. Segundo a apostila, só quem está fascinado pela causa de Deus, consciente de Deus e de si como indivíduo, percebe o quanto se encontra mergulhado no pecado, e também busca forças para abraçar a causa e largar tudo que a atravanca. Daí a necessidade de uma evangelização, que seja capaz de despertar um fervor em grande parte adormecida pela causa de Deus. Essa evangelização nos ensina que o pecado é a transgressão da lei, e que a conseqüência para tal violação é a morte. Nos ensina que devemos confessar os nossos pecados, até porque não há nada oculto aos olhos de Deus. E nos ensina que temos que ter a certeza, a fé e a alegria de saber que Deus é misericordioso e que nossos pecados já foram perdoados na cruz de Jesus Cristo. Através do evangelho se aprende também que o pecado não existirá se o amor reinar entre Deus e o próximo, já que vivemos o “amor egoísta”. A teologia moral tem como tarefa primeira ser um dos rostos sorridentes do amor de Deus e do amor ao próximo. 2 Colossenses 3.12,21, diz que devemos nos revestir de sincera misericórdia, bondade, humildade, paciência, suportando-vos uns aos outros. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vos também. Sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. No entanto, o pecado tem feito do homem, um ser egoísta, que se esquece da política, da miséria, da fome, do mundo.  O amor egoísta é condicional, o homem simplesmente quer que suas necessidades sejam satisfeitas, e por essa razão, peca. Frei Antônio comenta que “Mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos. Então esses desejos fazem com que o pecado nasça, e o pecado, quando já está maduro produz morte”. Segundo ensino de São Tomás de Aquino, todos os pecados brotam de um amor-próprio desordenado, ou do egoísmo, que nos impede de amar a Deus acima de todas de tudo e de todos e nos inclina a nos afastarmos d’Ele. Santo Agostinho diz: “Dois amores construíram duas cidades: o amor a si mesmo, dizendo que queria contentar a Deus, construiu a cidade de Babilônia, isto é, aquela do mundo e da imoralidade; e o amor a Deus, ainda que para contentar a si mesmo, construiu a cidade de Deus”. É do desordenado amor a si mesmo, a raiz de todo o pecado, que brotam as três concupiscências de que fala João quando diz: "Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida não vem do Pai, mas do mundo". Estas são, de fato, as três maiores manifestações do espírito do mundo no que concerne os bens do corpo, bens exteriores e bens espirituais:
  1. A concupiscência da carne é o desejo desordenado do que é, ou parece ser útil à preservação dos indivíduos e das espécies; a partir deste amor sensual brotam a gula e a impureza. Voluptuosidade pode, assim, tornar-se um ídolo e cegar-nos cada vez mais completamente.
  2. A concupiscência dos olhos é o desejo desordenado de tudo que pode agradar a vista: luxo, riqueza, dinheiro que torna possível adquirir bens terrenos. Daí brota a avareza. O homem avaro termina por fazer do seu tesouro escondido o seu deus, adorando-o e sacrificando tudo a ele: seu tempo, força, família e algumas vezes sua eternidade.
  3. A soberba da vida é o amor desordenado da nossa própria excelência, de tudo o que possa enfatizá-la, não importa quão difícil ou duro isso possa vir a ser. Aquele que se agarra mais e mais ao orgulho acaba por tornar-se seu próprio deus, como Lúcifer fez. Deste vício todo pecado e perdição pode originar-se; dai a importância da humildade, uma virtude fundamental, fonte de todas as virtudes, justamente como o orgulho é a fonte de todo pecado.
O verdadeiro amor próprio é o ato pelo qual amamos a nós mesmos por causa de Deus, a fim de glorificar a Deus no tempo e na eternidade. Enquanto que o pecador no estado de pecado mortal ama a si mesmo acima de tudo e na prática prefere a si mesmo a Deus. Aquele que cultiva o verdadeiro amor próprio é capaz de sacrificar a si mesmo por amor a Deus e aos que Deus ama.




 


Bibliografia

·       Humanidade: Essencialmente boa e existencialmente alienada - História das controvérsias na Teologia Cristã -  Roger Olson – Editora Vida.
·         O pecado: Do descrédito ao aprofundamento -  Frei Antônio Moser – Editora Vozes.
·         A Bíblia da Mulher – Editora Mundo Cristão – Sociedade Bíblica do Brasil – Revista e Atualizada.
·         Bíblia de Estudo Vida – Editora Vida – Almeida Revista e Atualizada.

* Formada em Teologia (Bacharel) pelo Centro de Formação Teológico  Batista Nacional e graduanda em Pedagogia (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia).

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